sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Um sonho que podia tornar-se realidade...

Vamos supor que estamos em 2015 e que o candidato que o povo elegeu para Presidente da República no ano anterior fizesse o seguinte pronunciamento à nação:

Brasileiros,

Eleito por vocês no ano passado, minha equipe de governo, os poderes constituídos, empresários, pensadores, notáveis, expoentes intelectuais, eu e muitos outros colaboradores, decidimos, após exaustivas reuniões, que a partir de janeiro do ano vindouro, de 2016, novas providências serão tomadas em caráter definitivo. São decisões duras, mas que de forma nenhuma poderão ser canceladas. Talvez, disse talvez, e no máximo modificadas, mas nunca para favorecer aqueles que vêm aterrorizando nossa população há décadas, os marginais da lei.
Todos lembram que somente em 2012 grande massa popular conseguiu convencer os políticos da época que algo deveria ser feito quanto ao estado em que a situação da violência chegou. Desde então, passamos a discutir incansavelmente quanto aos novos poderes que o mandatário do país passaria a ter a partir de 2015, quando fui eleito.
Assim, a partir da publicação do presente decreto, em 01.01.2016, são os seguintes os procedimentos que serão adotados pelo Estado Brasileiro:

1- Fica instituída a prisão perpétua no Brasil;
2- Fica instituída a pena mínima de 30 anos de reclusão em regime fechado sem direito a regressão da pena, sem apelação, cujo condenado (a) com idade acima dos 15 anos, deverá cumpri-la integralmente nos casos de prisão em flagrante ou condenação da prática dos seguintes crimes:

a) homicídios dolosos tentados ou consumados;
b) roubos perpetrados com violência à pessoa tentados ou consumados;
c) tráfico de entorpecentes;
d) porte de arma de fogo de qualquer calibre;
e) estupro;
f) crimes do colarinho branco;
g) crimes praticados contra o erário público por quem quer que seja;
h) seqüestro e outros elencados no atual Código Penal recém-modificado

3- Fica extinta a prisão especial para quem possui nível superior;
4- Fica extinta a imunidade parlamentar;
5- Quando preso em flagrante, o criminoso, após as formalidades legais, deverá ser recolhido imediatamente ao presídio onde deverá cumprir a referida pena;
6- Os que aguardam julgamento em liberdade não poderão se ausentar do município onde residem sob nenhuma hipótese, sendo que num prazo máximo de 12 ( doze ) meses o julgamento e sentença deverão ser conhecidos;
7- Os crimes não citados acima terão suas penas aumentadas para 15 anos de prisão nas mesmas condições;
8- Os de menor potencial ofensivo serão discutidos caso a caso na Justiça estando as polícias desobrigadas de atuarem neles. Se condenados, porém, os autores de tais crimes serão condenados a penas mínimas de 1(hum) a 12(doze) meses de prisão ou de pagamento de no mínimo 10 (dez) cestas básicas a entidades carentes sendo que quanto ao máximo caberá ao juiz estipular, de acordo com a condição financeira do autor;
9- Todas as forças de segurança – Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícias Federais, Estaduais e Municipais – participarão dessa empreitada, qual seja a de dar um basta à sanha dos marginais que há décadas aterrorizam a população.
Quando a sociedade presenciar o início das ações planejadas durante o decorrer de todo este ano que ora se finda, pedimos a colaboração e compreensão de todos os homens e mulheres de bem deste país, pois a força terá de ser usada, caso os marginais não deponham suas armas. Do nosso lado, pedimos para que isso ocorra, haja vista termos usado as inteligências de todas as esferas dos governos para mapear e identificar os esconderijos de marginais, suas armas e drogas.
Será uma operação nunca vista antes por brasileiros, só usada em tempos de guerra. Estamos preparados para tudo. Discutimos com países aliados e aceitamos seu suporte, meios e materiais oferecidos, sendo que nossos credores entenderam que se porventura não honrarmos nossos compromissos por alguns meses, será porque estaremos utilizando tais recursos nesta batalha final entre o bem e o mal, onde certamente o bem vencerá.
Voltaremos a ser um povo alegre, receptivo, acolhedor, tranqüilo, festeiro, de bem com a vida como o mundo inteiro reconhece. Voltaremos a viver em paz.
10- A estes homens e mulheres que compõem as Forças que combaterão e debelarão a onda de criminalidade, antes de tudo nosso agradecimento e estejam cientes de que serão reconhecidos como heróis por nós, brasileiros.
Por tal ato de bravura serão reconhecidos regiamente, os senhores e suas famílias.
Seus filhos terão vagas certas nas Universidades que escolherem; terão dignidade moral e material; terão seus nomes lembrados para sempre; serão reconhecidos, lembrados e honrados.
11- Os presídios construídos recentemente nas diversas regiões do país, são cópias dos mais seguros do mundo, nos quais todos, inclusive o Presidente da República se deixarão revistar para ingressar.
12- Quem for – qualquer pessoa, inclusive o Presidente da República - flagrado tentando facilitar fuga de detento, inserir qualquer objeto não permitido ou quebrar qualquer regra para o perfeito funcionamento do local será, de imediato, enquadrado no item 6;
13- Após a constatação do sucesso da operação, que poderá durar alguns meses, ao povo Brasileiro de bem será permitido: a) voltar a ser feliz; b) andar despreocupado pelas ruas das cidades a qualquer hora do dia ou da noite; c) sentar-se na calçada em frente de sua casa no final da tarde para conversar e ver seus filhos brincando; d) ter respeitado o direito de ir e vir; e) reunir-se em paz nas esquinas, bares, restaurantes, igrejas, cinemas, festas, clubes e deslocar-se por qualquer meio de transporte com segurança...

Que Deus nos abençoe.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Informe-se. Leia. Saiba da verdade.

Àqueles que acham que está tudo certo. Que este governo estadual que aí está é o ideal; que vai votar em Eduardo Paes porque Sérgio Cabral diz que " ele é o cara ", dêem uma olhada nestes blogs. Informem-se. São postagens escritas por jornalista seriíssimo, por major e tenente da PM do mesmo naipe, por inspetores da polícia civil e praças da PM sérios e dedicados.
Aproveitem esta oportunidade.
Aproximem-se da verdade.
Não se deixem enganar.
O governo do PMDB é um câncer para nosso estado. Vamos bani-lo.
Vejam como funciona a politicalha no Rio de Janeiro.
São esses os blogs que vocês têm de ler, entre outros:
http://www.gustavodealmeida.blogspot.com/
http://grupopcerj.tumblr.com/
http://www.casodepolicia.com/
http://wanderbymedeiros.blogspot.com/
http://pracasdapmerj.blogspot.com/
http://projeto200anos.blogspot.com/
http://capitaoluizalexandre.blogspot.com/
http://www.celprpaul.blogspot.com/
http://militarlegal.blogspot.com/

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

NÃO AO PMDB

DIGA NÃO AO PMDB
NÃO VOTE NO PMDB
NÃO VOTE EM EDUARDO PAES
NEM EM QUEM O GOVERNADOR ESTÁ APOIANDO
NÃO DIGITE 15


Por nos ter enganado
Por ter prometido e não cumprir
Por nos ter tratado como idiotas
Por não honrar com sua palavra
Por estarmos nessa condição de quase miséria

Funcionários Públicos do Estado do Rio de Janeiro:
Conversem com parentes, amigos e familiares. Convençam a eles não votarem em um partido político que nos tem feito comer o pão que o diabo amassou. Discutam, induzam, coajam, roubem, matem mas não deixem o diabo continuar no poder.

SE É CABRAL TÔ FORA!
SE É PMDB TÔ FORA!
SE É 15, DEUS ME LIVRE!

p.s.: a última frase não é para levar ao pé da letra

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Máfia dos combustíveis, máfia dos rádios Nextel, máfia da Alerj: é a cidade mafiosa

Por Rodrigo Pimentel, roteirista de "Tropa de Elite"

Na cidade mafiosa, jornalistas são barbaramente torturados por integrantes de milícia no mesmo mês em que uma bomba é lançada contra uma delegacia de polícia em uma típica ação terrorista. Em ambos os crimes, as investigações chegam à Assembléia Legislativa. No primeiro caso, um dos acusados de comandar a sessão de espancamento, segundo a própria polícia, seria integrante do gabinete do vice –presidente da casa, no segundo caso o mandante seria um deputado do partido do atual prefeito. Na cidade mafiosa, a Polícia Civil, agora despolitizada, descobre que na casa onde 50% dos representantes respondem processos criminais que vão de homicídios até formação de quadrilha, se conectam os crimes praticados nas ruas. Nessa mesma cidade, quarenta deputados, agora jurisconsultos, contrariando parecer dos procuradores federais, alegando inconstitucionalidade da prisão, resolvem soltar o ex-chefe de polícia e colega deputado. Deputados, ingênuos ou mesmos coniventes, entendem que imunidade parlamentar não se aplica apenas a crimes de opinião, típica do mandato, mas à formação de quadrilha armada e ao enriquecimento ilícito.
De repente, em uma tarde comum na cidade mafiosa, um deputado do partido do governo vai ao plenário defender as milícias. Ora, afinal, é a mesma cidade em que concessões de linhas de ônibus municipais não são licitadas há 30 anos, facilitando o surgimento de transportes ilegais, principal fonte de renda das milícias. Na cidade mafiosa, ao olhos de todos, policiais militares em motocicletas abordam e extorquem motoristas com IPVA atrasado, após consultar as placas, não nos rádios da corporação mas em aparelhos Nextel. Na cidade mafiosa um grupo abnegado e corajoso de delegados, procuradores e jornalistas, tenta, timidamente há mais de seis anos, através de colunas, denúncias e pronunciamentos acordar seus companheiros para a grande organização criminosa que surge no Estado. Nessa cidade, a Polícia Federal prendeu mais policiais civis e militares que as corregedorias destas duas polícias juntas. É mesma cidade em que a Polícia Federal também prendeu seus integrantes e indiciou delegados e agentes. Nessa cidade, agora também, a Polícia Civil prende e indicia vereadores e deputados, algo até então inimaginável na cidade mafiosa.Os ingênuos deputados não acordaram que a premissa básica para existência do crime organizado é a simbiose com o poder estatal e isso já foi alcançado não pelo tráfico de drogas, mas pelos caças-níqueis, pelas milícias, pela vans piratas e pela máfia dos combustíveis, aliás em muito breve os deputados estarão votando também pela liberdade destes representantes. Na cidade mafiosa o secretário de Segurança Pública, o primeiro nos últimos dez anos com credibilidade necessária para estar à frente da função, continua insistindo nas ações de enfrentamento para desestabilizar o tráfico e apreender armas. Cada vez mais mortes nas favelas não traduzem tranqüilidade ou paz, nem para moradores de favela, nem aos moradores do asfalto. Em breve perceberá o secretario de Segurança Pública, que na cidade mafiosa as ações nas casas legislativas são mais urgentes, eficazes e necessárias que as operações nas favelas.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Procedimentos de Lei 9099/95? Estou fora!

Quando digo aqui que essa Lei 9099/95 precisa ser reformulada não é porque quero trabalhar menos; não! É porque ela atrapalha o serviço das polícias estaduais, vez que consomem grande parte do nosso tempo e a punição para quem a pratica é levíssima e às vezes nenhuma.
Vejam o caso dos torcedores de Fluminense e Vasco, ocorrido ontem. Mais de trinta foram levados para a Delegacia Policial em um ônibus e outras viaturas comuns da Polícia Militar. O que eles fizeram? Brigaram. Agrediram-se a socos, tapas e pontapés. O que ocorre então? Assim que tomou ciência da situação e dado o elevado número de envolvidos, os policiais militares pediram reforço. Vamos dizer que foram necessários 15 policiais. Daí até conduzi-los a DP, foram umas quatro horas. Na DP, todos eles têm de ser identificados - nome, filiação, número de identidade, data de nascimento, profissão, salário,cor, sexo, estado civil, endereços residencial e comercial, telefone. Aí são ouvidos um por um em Termo de Declaração. Todos são encaminhados a Exame de Corpo de Delito. Se um policial civil somente atender a esta ocorrência, ele levará pelo menos seis horas para finalizá-la. O detalhe é que ninguém anda com conta de luz no bolso, portanto quem quiser dar o endereço errado, que dê. O mesmo ocorre com a identidade; quem não estiver portando-a e não souber seu número vai permanecer como não identificado. Todos os nomes são checados ( ou deveriam ser ) para que verifiquemos se há mandado de prisão em aberto. Se o sistema estiver no ar e o cidadão já tiver tirado a identidade, dá para pesquisar baseado no que ele disse e decobrir o RG. Se estiver fora do ar e tudo o que ele declarou for mentira, nunca mais ele será encontrado. Tudo isso para quê? Para no Juizado Especial Criminal, o JECrim, ele ser - quando é - condenado a pagar cesta básica ou prestar serviços à comunidade.
Não tenho conhecimentos jurídicos suficientes para discutir com legisladores. O que está errado, a meu ver, é a leveza da pena, haja vista quase ( ou mais de) vinte policiais civis e militares serem acionados, diversas viaturas empenhadas, ocupam-se hospitais públicos, IML, Justiça para tão pouco! Em vez de uma cesta básica, a pena deveria começar no mínimo com seis, eu disse no mínimo! E para dar agilidade à ação, o própio delegado de polícia poderia, nestes casos de flagrante, aplicar a pena, fazendo as vezes do conciliador, que dias, semanas ou meses depois irá ouvir os envolvidos no Fórum e condená-los ou não a pagar tais cestas.
Esses baderneiros e vândalos deveriam temer mais o braço da polícia e da justiça por meio de penas mais severas. A pena deveria ser aplicada ali, na hora, não meses depois, quando o é, afinal vivemos em um país muito violento e ocupar as forças do estado por tão pouco me parece insensato.
Assim como ocorreu um acordo jurídico para que os conciliadores façam as vezes de juízes togados, os delegados poderiam fazer as vezes destes, de forma que ele, delegado de polícia, tivesse que cumprir parâmetros mínimos e máximos quanto às penas, impossbilitando-o, assim, de exagerar para mais ou para menos.
E pensar que tais ocorrências são a maioria em todas as DPs do estado, onde 70% de nosso tempo é tomado, enquanto que em outros, como em SC, a Polícia Militar os resolve ainda na rua, o que dá maior celeridade para os envolvidos, além de permitir que os próprios PMs não fiquem empenhados por horas nas DPs, aguardando atendimento. Fora o fato de que nós, policiais civis,
poderíamos nos dedicar a investigar crimes mais graves, como os roubos, estelionatos, homicídios, saidinhas de banco, etc. etc. etc.
Pergunto mais uma vez: Por que os cidadãos injuriados, caluniados, difamados, lesionados de forma leve, e dez vezes etc. não podem prestar tais queixas diretamento no Fórum, ao conciliador?
Mas no Brasil, falar em mudar as leis é proibido. Fazer isso, impossível.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

De Nós, Policiais e QUASE CIDADÃOS, Para Vocês CIDADÃOS

Algo precisa ser feito e agora para que esse estado de coisas mude.
Precisamos nos unir. Todos. E mudar isso tudo. De uma forma ou de outra.
Vai o cidadão cheio de problemas a uma Delegacia de Polícia, onde espera contar com nossa ajuda e é atendido por um QUASE CIDADÃO com mais problemas do que ele!


Copiado e colado do Grupo PCERJ http://grupopcerj.tumblr.com/, do Inspetor Figueiredo:


Você sabia?
- Que o Policial Civil está até agora sem receber o tícket refeição de R$ 8,00, relativo a Janeiro e Fevereiro, pago a estes servidores por não contarem com os Ranchos como os Bombeiros e Políciais Militares?

Você sabia?
- Que os Policiais Civis NÃO RECEBEM nenhum auxílio transporte para se deslocar?

Você sabia?
- Que os Policiais Civis não recebem ADICIONAL NOTURNO?

Você sabia?
- Que os Policiais Civis não recebem por HORAS EXTRAS trabalhadas, sendo constantemente convocados em SUAS FOLGAS para atuar em Operações as mais variadas?

Você sabia?
- Que os Policiais Civis não podem ter MAIS DE UMA matrícula, não sendo facultado prestar outro concurso para COMPOR os seus vencimentos, como ocorre com Professores e Médicos?

Você sabia?
- Que 67% do efetivo da Polícia Civil do Rio de Janeiro tem formação de Nível Superior e que outros 7,5 % possuem Mestrado e Doutorado?

Você sabia?
- Que centenas de Policiais Civis não conseguem tirar férias há vários anos, porque não existe efetivo suficiente para manter o serviço policial em dia?

Você sabia?
- Que ao morrer nas ruas, sendo assaltado, a família do Policial Civil não recebe sua pensão integral porque isso não é considerada MORTE EM SERVIÇO?

Você sabia?
- Que os POLICIAIS (Civis e Militares) são os únicos Servidores que MORREM pelo Serviço Público?

E aí? Você sabia?Sabia que os vencimentos de nossa Polícia é o SEGUNDO PIOR do Brasil, apesar do nosso estado ser o SEGUNDO mais rico da Federação?

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O Que a Polícia Civil Tem; a Militar Quer e Nenhuma das Duas Merece

Continuarei na minha luta solitária em busca de uma Polícia Civil mais ágil, mais inteligente, menos burocrata.

Antes, porém, não poderia deixar de opinar sobre os últimos acontecimentos na esfera da Segurança Pública.
Apóio o que consta no blog do coronel Paúl. Penso que o major Wanderby luta por seu sonho, pelo que acha estar certo, por seu ideal. O capitão Alexandre também luta com seus moinhos de vento. Todos querem o mesmo de forma um pouco diferente, afinal são pessoas diferenes. Todos muito ligados, inteligentes e corajosos. Os três têm razão. Aliás a blogosfera policial está de parabéns. Precisamos urgentemente de melhorias salariais e de mudanças na maneira de fazer polícia. Penso, quanto aos salários, que um reajuste substancial, nem que fosse parcelado, traria alívio à categoria. Não me importo se continuarei ganhando menos que um capitão, um major. Não conheço o trabalho deles a ponto de compará-lo ao que desempenho. Sei que não é fácil pois ser policial no Rio de Janeiro não é. Alguns colegas da PC perdem tempo com bobagens, tentando comparar o incomparável e com isso deixando de apoiá-los, como se nós, Civis, estivéssemos em melhores condições. O que me interessa é que em o reajuste ocorrendo poderia voltar a manter meus compromissos em dia, com um pouquinho de folga.
Sou aquele macaco que olha o próprio rabo.


Quanto ao tópico


Raramente saio às ruas. Meu trabalho ficou limitado ao de digitador e pesquisador, afinal consultamos os arquivos disponíveis para a identificação dos autores de crimes, de acordo com o que as vítimas relatam.
Tenho certeza, porém, que se nos dedicássemos exclusivamente a nossa missão, que é a de investigar, teríamos um melhor sucesso. Refiro-me as ocorrências ( a maioria delas, aliás ) que tomam grande parte do nosso tempo, as elencadas na lei 9099/95, que resultam, em grande parte e após todo o procedimento tomado por nós, em pedido de desculpas no Fórum. Elas têm um prazo legal a ser cumprido, enquanto as mais graves vão ficando para segundo plano, caso de inquéritos que " rolam " por anos. E inquéritos policiais dizem respeito a apuração de crimes graves! As vítimas de tais ocorrências, as de menor potencial ofensivo, geralmente querem retratação, um pedido de desculpas de quem as xingou, caluniou, difamou, etc. No Fórum, três, seis meses depois de dada a queixa, elas já até esqueceram as ofensas e já perdoaram os ofensores... Percebemos que o ideal seria trazer o autor no momento da queixa e, em vez de perdermos tempo fabricando Registros de Ocorrências intermináveis, a questão seria resolvida ali, na DP, na presença de um conciliador. Afora aquelas que são prestadas por motivos escusos, tais como a pessoa que perde o celular e tem que dizer que foi roubada, a mando de sua operadora; as que os documentos são extraviados, e que para nós é dito que foi assalto, caso contrário pagarão pelas segundas vias.
Por exemplo, em dias como os de hoje, é razoável alguém colocar sua carteira com dinheiro e documentos sobre um balcão e ir ao banheiro achando que ninguém a levaria?
É razoável acrediar ter alguém a mochila furtada onde havia apenas o documento do carro e roupa de trabalho, enquanto demais pertences estavam no bolso? Da mesma forma, deixar o celular no carro com o vidro aberto e se ausentar por horas?; ser " assaltado " e na carteira estarem somente a CNH e os documentos do carro, se a pessoa estava em um ônibus? É sim possível, dirão alguns de vcs, mas na proporção em que ocorre duvido!
Então, se nós pudéssemos nos dedicar totalmente a identificar e prender autores de crimes cujas penas fossem a prisão e não um aperto de mão, nossa taxa de resolução daria um salto na qualidade e quantidade.
Se não tivéssemos de a toda hora parar de ler, de estudar um processo, para observarmos falhas, pormenores, detalhes, pistas, rastros de quem cometeu o crime, se não tivéssemos de parar a toda hora para fazer Registros de Ocorrências " natimortos " como chamo, a PC seria mais vista nas ruas, como nos anos 80 e certamente contribuiríamos para a sensação se segurança da população, tão ávida por ver "um policial em casa esquina".
Mas ...

Imagino ocupar a Polícia Militar com tais queixas. Alguém aciona 190 e uma viatura é deslocada para o local. Lá os policiais ouvem do queixoso que seu vizinho o xingou. Após isto, o vizinho, de quem só sabe o prenome saiu de casa. O que deve ser feito?
Ouvir a vítima. Ouvir o autor. Ouvir testemunhas e é bom que alguém tenha testemunhado o xingamento pois no Fórum raramente haverá punição porque será a palavra de um contra a do outro. Qualificar todos os envolvidos. Pesquisar em todo o sistema o que há contra eles e em havendo, mencionar no relatório final da investgação. Nas DPs Legais, o sistema operacional já marca a data da primeira audiência no Fórum. Esse é o tempo que dispomos para trazer o autor e testemunhas à DP. Porém a vítima sabe que o autor se chama Zé. Presume-se ser José. E como vamos qualificá-lo uma vez que intimado, ele não comparece à DP, talvez orientado haja vista " se a polícia não sabe teu nome completo, não poderá te indiciar"! E como os colegas PMs farão para, no dia seguinte, ouvirem as pesoas restantes? Onde estas serão ouvidas? Nos Batalhões? Pensem no acúmulo de ocorrências a cargo de cada dupla de policiais militares, que no outro plantão terão de correr atrás do autor que não que ser encontrado. E nas outras que vão se somando. Existem companheiros que estão com 200 (!) investigações em andamento. Muitas de meados do ano passado. Pensem em estarem debruçados no capô da viatura preenchendo formulários alheios ao que cocorre ao redor. Em não poderem ou não terem como perseguir meliantes. Vocês acabarão como nós. Se empenhado ao máximo em resolver tais questiúnculas, enquanto os criminosos aterrorizam ainda mais a população.
Algo precisa ser feito.
Nenhum policial merece!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Sobre uma saidinha de banco e nossa incompetência

Fato hipotético. Ou real.

Cliente entra no banco para sacar quatro mil reais. Fica espantado com o reduzido número de pessoas ali dentro; apenas quatro. Ele é o quarto e o único na fila. Vai ao caixa, efetua a retirada. Sai, atravessa uma praça, entra no carro e volta para casa. No caminho lembra dos conselhos dados por parentes policiais quanto aos cuidados que deve tomar e o tempo todo não desgruda os olhos dos retrovisores a fim de se certificar que não está sendo seguido. Estaciona na calçada e ao sair do carro nota a aproximação de dois homens em uma moto, vinda na direção contrária. Adivinhem. Aos costumes, o carona, arma em punho, diz " quero os 3 mil que você acabou de sacar e que está nesse bolso aqui " apalpando sua calça. Feito isso evadiram-se. Dois mil para cada em apenas cinco minutos.
Na DP, após ouvir seu relato perguntei se havia comentado com alguém sobre o saque tendo ele dito que não!
Esse é um caso diferente!
Fui ao chefe, contei-lhe o fato e disse que iria ao banco trazer o funcionário do caixa, apreender seu telefone celular e pedir a quebra de sigilo telefônico da agência, bem como o cd com as imagens do fato ocorrido uma hora antes.
Ao voltar para minha mesa para concluir o Registro de Ocorrência, continuei a entrevistar a vítima e dela ouvi o mesmo: " Inspetor, o senhor não bota isso aí não, mas na minha opinião o caixa está envolvido. Os caras sabiam até meu endereço".
O fato de uma viatura da polícia ir à agência tão logo tome ciência do ocorrido já daria um ar de seriedade, faria com que as pessoas notassem que " estamos correndo atrás, investigando ". Ao contrário, quando o cliente é roubado e vai à DP para fazer RO e de lá sai com o papel na mão sabendo que nada será feito de imediato, que nem ao local iremos, ele se pergunta: registrar para quê?
É isso que ocorre. Nada!
O chefe me respondeu: " Tá maluco? Trazer ninguém! Libera a vítima, envia um ofício ao banco solicitando cópia das imagens. Eles não entregam na hora. Precisam acionar um técnico que quando puder vai à agência, copia as imagens que nos interessa, passa para o jurídico, que após analisá-las nos remete. Isso pode demorar meses, até".
Ah, as polícias de primeiro mundo...
E ele está certo. Eu mesmo aguardo resposta de alguns ofícios há meses. Parece que não existe nenhum interesse a quem os remetemos em colaborar com a polícia. E pensar que a americana requisita por telefone informações que, no ato, são atendidas. Certa ocasião um detetive pediu à administradora de certo cartão de crédito informação sobre a última vez que o investigado havia usado o cartão tendo como resposta que em hotel tal, onde está hospedado agora. Que povo o americano!
Voltando ao caso, traria o caixa do banco em primeiro lugar porque ele foi o último a estar com a vítima se bem que particularmente nesta cocorrência eu o teria como o principal suspeito.
Mas trazer o funcionário não pode.
Se o intimássemos ele poderia se sentir acusado e mover ação contra o delegado, contra o estado.
Então para que estamos ali?
Será que esse funcionário vive de acordo com o que ganha?
Qual o seu carro?
Onde mora?
Como se veste?
Mas parece que ao policial civil lotado em distritais não é permitido pensar. Registrar é preciso; investigar não é.
Quanto às ocorrências de pequeno potencial ofensivo, a estas chegamos talvez a 95% de solução. Afinal não é assim tão difícil levar ( levar não, convidar pelo correio ) à DP o autor de uma injúria, de uma difamação, de uma calúnia, ameaça, lesão corporal leve, culposa... Nesses casos a própria vítima nos fornece seu nome e endereço...
É isso. É esse o motivo do blog.
Precisamos quebrar paradigmas, dar agilidade à ação policial, obrigar ( nem que seja ) as pessoas jurídicas a atenderem o quanto antes as requisições de informações. Precisamos prender bandidos. Eles precisam saber que estamos atentos e no seu encalço e que isso começa assim que tomamos ciência do cometimento do crime.
Apuramos todas as ocorrências pequenas e assim conseguimos mostrar serviço a uma pessoa; aquela que foi xingada ou ameaçada.
Apuramos cinco em cem ocorrências em que a sociedade inteira poder ser a vítima. Basta simplesmente trocar de prioridades.
Aliás, oficiei o banco " pedindo " ( por favor, assim que vocês puderem, pelo amor de deus ) cópia do cd com as imagens. Quando remeterem aviso aqui.
Aliás o que farei para identificar o dono do rosto? Somos quantos? 40 milhões de brasileiros homens com o perfil do autor?
Como deve ser bom ser policial de verdade!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Nós precisamos de vocês

ESTADO DO RIO DE JANEIRO


CONCURSO PARA ADMISSÃO DE 20.000 POLICIAIS



Jovens com idade entre 18 e 25 anos, saudáveis, sem vícios
Que tenham no mínimo o 2º grau completo
Incorruptíveis, honestos, valentes, destemidos
Que queiram defender a sociedade deste estado que há décadas vem sendo massacrada por marginais narcoterroristas, traficantes, assaltantes, assassinos e ladrões devido ao abandono secular em que os políticos condenaram a mesma população não investindo em saúde, segurança e educação.

Garantimos aos aprovados:
Uma vida cheia de aventura, suspense, terror, confrontos a bala diários...

Exigimos:

Que seja solteiro e more com os pais ( pode se casado contanto que tenha casa própria )
Que já possua sua arma de calibre permitido ( no máximo pistola .380 )
Que já tenha carro ( se tornará muito perigoso andar de ônibus e armado )
Que já tenha plano de saúde
Que trabalhe por vocação, não por salário
Que não questione o estado de conservação das vtrs em que trabalhará nem dos coletes balísticos, quando disponíveis
Que não se importe em trabalhar de noite, em finais de semana e feriados - Natal, Ano Novo, Semana Santa, Caraval, etc.
Que não cobre por horas extras, adicional noturno, insalubridade, estas bobagens

Oferecemos:

Salário incial de R$ 786,69
Reajuste anual de 4% ( em 25 anos estará ganhando R$ 1.573,39 - quase a terça parte do que percebe hoje um policial rodoviário federal!!!!!!!!!!!, não é excelente? )

Se nos próximos concursos os candidatos vissem assim o edital, o número de inscritos seria cada vez menor até que o governo enxergasse que exige muito e oferece nada a quem se oferece para defender a sociedade.
Porém, em um país de maioria miserável, qualquer vaga é disputada por milhares, fazendo com que a lei da oferta e da procura empurre os salários para baixo, do que se aproveitam os governadores.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

" Quem mandou não estudar? "

Frases soltas, fora de um contexto, que em nada contribuem, dirão alguns intelectualóides.
Mas para nós, policiais civis e militares que as ouvimos todos os dias e muitas delas às duas, três, quatro horas da manhã, fica claro que nossa missão não se resume em combater a criminalidade apenas.
Disponibilizar nossas vidas para defender a sua é só uma delas.
Somos nós quem atendemos essa população que como nós, tem problemas que precisam ser resolvidos.
Ainda bem que na Academia de Polícia recebemos (?) orientação para mediar conflitos, aconselhar, " julgar", intermediar, ouvir, calar, consentir, negar, agir como psicólogo, padre, defensor, promotor, juiz, policial, amigo, confidente...
E manter a calma.
E não errar.
E representar bem o estado, que insiste em responder a nossas reinvindicações com as duas primeiras:


" Ser policial é um sacerdócio."
" Quem entra pra polícia já vai sabendo que o salário é baixo."

" Quem mandou não estudar? " ( Ué, afilhados de certos políticos ganham muito mais do que nós e a eles só é exigido serem fiéis. )
" Vem cá, na sua família só você não tem juízo?" ( Por ser policial.)
" Moço, me ajuda, acabei de ser assaltada. Ele tá armado!" ( Em situações assim que o policial, no ímpeto de defender o fraco, morre. )
" Ué, e vocês estão aqui pra quê? " ( Exigindo que resolvamos o problema de qualquer jeito ).
" Eu pago o teu salário! " ( E paga mal. )
" Só agora vocês chegam? Agora não precisa mais! " ( Reclamando quando a PM chega ao local de ocorrência. Sequer reparam na viatura, caindo aos pedaços. )
" Meu carro tá dentro da favela. O que vocês vão fazer? " ( Sem sequer perguntar se estamos usando a carapaça de aço e invisível que ganhamos quando somos admitidos. )
" O cara que roubou me celular tá pedindo dinheiro para devolver. O sr. vai lá pra mim? " ( Vá, invada, mate, morra, mas traga meu aparelho de volta. )
" Pérae, só vocês dois? Eles são quatro e estão todos armados! " ( Espantados quando apenas dois policiais militares " superentusiasmados " se põem a perseguir os assaltantes. )
" Meu marido me bateu e me expulsou de casa. "
" Meu filho está desaparecido há cinco dias."
" O cara me roubou 3 mil reais. Se você chegar a ele te dou cinco para matá-lo."
" Quero ver quem vai resolver meu problema! " ( Aqui dá vontade de responder que nós perguntamos isso há anos. )
" Deixa eu ficar aqui essa noite. É que meus pais me expulsaram de casa." ( Na DP, duas da manhã.)
" Que demora! " ( Todos têm pressa. Nós também. )
" Meu vizinho jogou guimba de cigarro no meu quintal."
" O cachorro dele fez cocô na minha calçada. "
" Quero fazer um Registro pra não pagar segunda via de documentos. Ah, põe aí que eu fui roubado."
" Meu pai me bateu."
" Minha mãe me bateu."
" Meu irmão me bateu."
" Minha irmã me bateu."
" Acho que mataram meu gato." ( Dito na DP por uma senhora, conduzida por policiais militares, a uma da manhã. Eles não têm nada pra fazer mesmo.)
" Alô!!! quero fazer uma denúncia. O elevador do prédio enguiçou! " ( E lá vai a PM " desenguiçar " elevador.)
" Seu policial, não consigo dormir com esse barulho que vem da casa ao lado! " ( A PM vai ao local manda abaixar o som. A PM sai do local e o som é aumentado...)
" Depois querem aumento. Não fazem nada! " ( Risos.)
" Moço, no mês passado, o cunhado da vizinha disse que o irmão dele falou que se o vizinho do meu primo olhasse para ele..." ( Como resolver?)
" A gente tava num churrasco aí de repente sumiu um pedaço de carne. Ae já viu. Estancou a porradaria geral. " ( É quando a PM lota um ônibus com quinze envolvidos, que depois de três dias, já sóbrios, voltam à DP para tirar a queixa.)
" Vem cá, ficam só vocês aqui dentro a noite toda? " ( Espanto de alguns ao perceberem o efetivo nas DPs.)
" Atenção todas as viaturas. Troca de tiros entre policiais e diversos elementos fortemente armados. Queiram se deslocar para o local em apoio e com a devida cautela. " ( É rezar e ir.)
" Alerta a todos. Policiais encurralados. Há notícia de feridos. " ( Ídem.)
" É mesmo? Só? Meu encarregado ganha mais do que isso." ( A encarregados é exigido que grau de instrução? )

É. De fato somos muito bem pagos diante do nada que representamos.