Quando digo aqui que essa Lei 9099/95 precisa ser reformulada não é porque quero trabalhar menos; não! É porque ela atrapalha o serviço das polícias estaduais, vez que consomem grande parte do nosso tempo e a punição para quem a pratica é levíssima e às vezes nenhuma.
Vejam o caso dos torcedores de Fluminense e Vasco, ocorrido ontem. Mais de trinta foram levados para a Delegacia Policial em um ônibus e outras viaturas comuns da Polícia Militar. O que eles fizeram? Brigaram. Agrediram-se a socos, tapas e pontapés. O que ocorre então? Assim que tomou ciência da situação e dado o elevado número de envolvidos, os policiais militares pediram reforço. Vamos dizer que foram necessários 15 policiais. Daí até conduzi-los a DP, foram umas quatro horas. Na DP, todos eles têm de ser identificados - nome, filiação, número de identidade, data de nascimento, profissão, salário,cor, sexo, estado civil, endereços residencial e comercial, telefone. Aí são ouvidos um por um em Termo de Declaração. Todos são encaminhados a Exame de Corpo de Delito. Se um policial civil somente atender a esta ocorrência, ele levará pelo menos seis horas para finalizá-la. O detalhe é que ninguém anda com conta de luz no bolso, portanto quem quiser dar o endereço errado, que dê. O mesmo ocorre com a identidade; quem não estiver portando-a e não souber seu número vai permanecer como não identificado. Todos os nomes são checados ( ou deveriam ser ) para que verifiquemos se há mandado de prisão em aberto. Se o sistema estiver no ar e o cidadão já tiver tirado a identidade, dá para pesquisar baseado no que ele disse e decobrir o RG. Se estiver fora do ar e tudo o que ele declarou for mentira, nunca mais ele será encontrado. Tudo isso para quê? Para no Juizado Especial Criminal, o JECrim, ele ser - quando é - condenado a pagar cesta básica ou prestar serviços à comunidade.
Não tenho conhecimentos jurídicos suficientes para discutir com legisladores. O que está errado, a meu ver, é a leveza da pena, haja vista quase ( ou mais de) vinte policiais civis e militares serem acionados, diversas viaturas empenhadas, ocupam-se hospitais públicos, IML, Justiça para tão pouco! Em vez de uma cesta básica, a pena deveria começar no mínimo com seis, eu disse no mínimo! E para dar agilidade à ação, o própio delegado de polícia poderia, nestes casos de flagrante, aplicar a pena, fazendo as vezes do conciliador, que dias, semanas ou meses depois irá ouvir os envolvidos no Fórum e condená-los ou não a pagar tais cestas.
Esses baderneiros e vândalos deveriam temer mais o braço da polícia e da justiça por meio de penas mais severas. A pena deveria ser aplicada ali, na hora, não meses depois, quando o é, afinal vivemos em um país muito violento e ocupar as forças do estado por tão pouco me parece insensato.
Assim como ocorreu um acordo jurídico para que os conciliadores façam as vezes de juízes togados, os delegados poderiam fazer as vezes destes, de forma que ele, delegado de polícia, tivesse que cumprir parâmetros mínimos e máximos quanto às penas, impossbilitando-o, assim, de exagerar para mais ou para menos.
E pensar que tais ocorrências são a maioria em todas as DPs do estado, onde 70% de nosso tempo é tomado, enquanto que em outros, como em SC, a Polícia Militar os resolve ainda na rua, o que dá maior celeridade para os envolvidos, além de permitir que os próprios PMs não fiquem empenhados por horas nas DPs, aguardando atendimento. Fora o fato de que nós, policiais civis,
poderíamos nos dedicar a investigar crimes mais graves, como os roubos, estelionatos, homicídios, saidinhas de banco, etc. etc. etc.
Pergunto mais uma vez: Por que os cidadãos injuriados, caluniados, difamados, lesionados de forma leve, e dez vezes etc. não podem prestar tais queixas diretamento no Fórum, ao conciliador?
Mas no Brasil, falar em mudar as leis é proibido. Fazer isso, impossível.
segunda-feira, 24 de março de 2008
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7 comentários:
Que bom, mais um policial consciente e de bom senso...
Concordo com sua matéria.
Amigo, concordo em tudo, mas a discordo da parte de uma parte: Quando o nobre colega diz "que o cidadão poderia ir direto ao fórum". pode, e temos previsão legal. Lei 9.099/95, Pasme!
Muito bom seu pensamento, estamos aqui para somar, e não para medir força.
Obrigada pelo toque.
Praças da PMERJ
O que ocorre é que os policiais, civis e militares, às chefias, atendem aos apelos do MP e da Justiça, em detrimento das Instituições Policiais. A Lei 9099/95 determina que naqueles crimes de menor potencial ofensivo, será lavrado um "termo circunstanciado", com a descrição do acontecido, que as partes (autor, vítima e testemunhas) deverão ser identificadas, sendo os autos remetidos ao JECrim compentente, com os respectivos laudos. Todavia,os entraves gerados pela Lei ao MP e Justiça, vieram parar na DP, já que as desnecessárias oitivas são exigidas, por força de uma resolução conjunta. Ou seja, mais uma vez, o servidor de terceira categoria segundo a administração pública, faz as vezes daqueles "lordes do serviço público", embora a Lei seja "maculada" por um acordo (resolução conjunta". Por outro lado, independentemente do crime ser de menor potencial ofensivo ou de maior gravidade, enquanto a sociedade teimar enteder que cadeia deva existir como um meio de ressocialização e não como punição ao infrator,como o dizem alguns, perdurará a impunidade e uma vida humana continuará valendo no máximo uns cinco anos de reclusão. A impunidade tornar-se-á presente cada vez mais. Alguém duvida?
Caro Pietro
A lei prevê (e eu mesmo já utilizei tal vênia - 2007.807.008516-4) o endereçamento de petição diretamente ao JECrim.
O que a lei certamente não prevê é a que tais ocorrências sejam necessariamente conduzidas aos balcões das delegacias de polícia, já tão assoberbados.
Para os PPMMs que vão MORRER pelo Sérgio Pinóquio Cabral para que pensem em suas famílias e em como o Pinóquio as tratará.
Soldados sem fortuna (do Blog da Segurança de O DIA)
O BOPE é o melhor símbolo de Estado hoje, para quem quer passar imagem de um governo forte, consolidado, honesto e com coragem: é uma tropa com alta capacidade, treinamento, doses de sacrifício, anti-corrupção e contra todas forças do banditismo existentes. O BOPE hoje elegeria fácil seis vereadores na mesma eleição, se houvessem seis candidatos-caveira. Em 2010, se a propaganda pró-BOPE - principalmente com a bandeira da Vila Cruzeiro - continuasse, o BOPE elegeria um deputado federal e uns cinco estaduais.
Dificilmente o cidadão médio, pagador de impostos, pobre ou rico, deixa de gostar do BOPE, a menos que seja um cidadão pobre que tenha perdido alguém em uma operação em favela - aí, a raiva e o ódio se justificam plenamente (e, decerto, raiva e ódio também dos traficantes).
Com efeito, o BOPE hoje é a cara que o brasileiro queria ver no Estado do qual faz parte.
Mal sabem os brasileiros, no entanto, que o BOPE também tem suas mazelas. E da parte dos mesmos governos que sempre o colocam na vanguarda (ou "ponta").
Vejamos, por exemplo, o caso da família do Tenente Caveira Sarmento, brutalmente assassinado em operação policial no Morro de São Carlos, numa tarde de sábado. A família de Sarmento espera, desde o dia 27 de novembro de 2004, pelo pagamento de seu seguro de vida. Estamos em 24 de abril. E nada foi pago. Quanto? R$ 20 mil. Desde o governo Rosinha. E já quase chegando à metade do mandato atual. Nada foi pago.
A família de Sarmento ainda não foi procurada por nenhum representante dos governos que tanto apreciam o BOPE como forma de marketing da ordem urbana. Por enquanto, convivem com a dor, a saudade, a lembrança de uma notícia terrível que chegou numa tarde de sábado, de um filho que tombou em defesa do Estado constituído.
O Tenente Caveira Sarmento teria pensado duas vezes, se soubesse o que fariam com sua familia o Estado constituído e a Polícia Militar - que com zêlo paga mais de R$ 1 milhão para empresas de capim e mais de R$ 1 mlhão em "vales" na área de saúde (tenho provas em mãos, guardadas por terceiros), mas não lembra da família de um filho devoto e guerreiro assassinado.
Um minuto de silêncio pelos Caveiras do céu. Outro por Sarmento.
Copiado do Blog de Gustavo de Almeida
CONVITE
Saúde, educação e Segurança Pública unificam campanha salarial, 2ª feira,
dia 19/5, às 14: 00 h. no SinMed/RJ
Dirigentes dos sindicatos representativos dos servidores da saúde,
segurança e educação do Rio de Janeiro vão se reunir na sede do
SinMed/RJ, no próximo dia 19 de maio, às 14 horas, para propor a
reativação de um movimento unificado com o objetivo de reivindicar
aumento salarial e melhores condições de trabalho. Durante o
encontro, os servidores irão avaliar a grave situação por que passa
o funcionalismo público em nosso estado e formular propostas de luta.
Em 2007, as três categorias demonstraram o seu poder de bala ao
reunir, em passeata, mais de duas mil pessoas e forçar o Governador
Sérgio Cabral a se retirar da Alerj o projeto de lei do Executivo que
previa reajuste salarial de 25%, a ser pago em 24 parcelas
Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro - SinMed/RJ
Avenida Churchill, 97/ 8º ao 12º andar - Castelo
Telefone: (21) 2532-3413 Fax: (21) 2220-6323
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